𝐴 𝑣𝑖𝑛𝑔𝑎𝑛𝑐̧𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑚𝑎𝑟𝑖𝑝𝑜𝑠𝑎𝑠

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Corria por entre as árvores. A cada passo hesitante, a dor lancinante no tornozelo me fazia cambalear. O ar ardia nos pulmões, uma mistura sufocante de pânico e esforço físico. Ofegava, em tentativas desesperadas de encher os pulmões com ar suficiente para continuar correndo, mas cada inspiração era uma agonia, como se minhas costelas estivessem se quebrando. A respiração vinha em soluços, entrecortada por gemidos de dor - um som rouco e fraco que mal conseguia ultrapassar o estrondo do meu próprio coração batendo no peito como um tambor de guerra.

Escutei seus passos rápidos atrás de mim. Lágrimas rolavam pelo meu rosto; a dor no tornozelo era insuportável. Ele estava cada vez mais perto. Tive que me esconder atrás de um arbusto, tentando controlar minha respiração ofegante para que ele não me escutasse. Olhei entre os galhos e pude ver sua silhueta entre as árvores. Prendi a respiração; ele segurava um .38 na mão esquerda.

- Vamos, saia de onde você estiver, sua freira dos infernos. - A voz era baixa e controlada; os lábios finos se comprimiam em uma linha dura, e os olhos, escuros e frios como aço, brilhavam com uma fúria contida. Ele não gritava, não precisava. Ele sabia que eu estava ali. O ódio emanava dele, uma aura palpável que gelava os ossos. As palavras eram carregadas de desprezo.