11 parts Ongoing Era uma noite chuvosa e silenciosa, cortada apenas pelo som dos pneus deslizando no asfalto molhado. Ela dirigia com as mãos trêmulas no volante, o coração disparado. O retrovisor revelava faróis distantes - ele ainda a seguia. O marido, controlador, violento, fora longe demais. Agora, ela só queria escapar.
Numa curva fechada, o carro derrapou. O mundo girou. Tudo foi rápido: o som metálico da lataria se amassando, o estalo dos vidros estourando, a dor súbita no braço. O carro caiu em uma ribanceira rasa e parou de lado, entre árvores. Havia fumaça, mas ela estava viva. Ferida, sangrando no rosto, mas viva.
Com dificuldade, ela chutou a porta, sentindo a perna latejar. A dor era intensa, mas não maior que o medo. Cambaleando, ela saiu do carro. Não podia parar. Ele poderia aparecer a qualquer momento. Descalça, com os pés cortados, correu pela mata fechada, guiada apenas pelo instinto de sobrevivência.
Na escuridão, entre trovões e relâmpagos, ela sabia: o acidente quase a matou... mas ainda era a fuga que poderia custar sua vida.
A chuva engrossava, transformando a mata em lama. Cada passo era uma batalha contra a exaustão e o frio que a invadia. Os galhos arranhavam seus braços, o sangue se misturava à água que escorria do céu. Ela já não sentia os pés. Seus olhos pesavam. A adrenalina começava a ceder lugar à fraqueza.
Foi quando avistou uma luz ao longe - fraca, amarelada, tremeluzente. Um farol? Uma lanterna?
"Ajuda...", tentou gritar, mas sua voz saiu como um sussurro. Deu mais dois passos e caiu de joelhos. Logo depois, tudo escureceu.