♤Cinzel♤ o eclipse da alma
75 parts Ongoing Epílogo - O Eclipse da Alma
A floresta dormia sob o manto da lua.
Entre as árvores, o vento levava o último sussurro de Seraphina - uma canção antiga, feita de luz e silêncio. Os pelos brancos da loba se dissolviam em cinzas prateadas, espalhando-se como neve sobre o chão escuro.
Sophie permaneceu imóvel, sentindo o frio atravessar-lhe a pele e tocar o que havia além dela: a alma.
A pureza de Seraphina, sua inocência e calma, tornavam-se memória. Um eco distante, suave e impossível de alcançar.
Então o eclipse começou.
A luz foi engolida, e o céu se partiu em sombras.
O chão vibrou sob seus pés quando algo despertou entre as cinzas - não era mais a mesma essência, mas também não era ausência. Era presença.
Das trevas ergueu-se uma nova loba.
Os olhos dela brilhavam como aço molhado pela chuva.
Seu nome não veio de voz alguma, mas Sophie o sentiu arder dentro do peito, como ferro incandescente gravando um selo em sua alma.
Veyra.
A loba negra respirou pela primeira vez, e o mundo pareceu conter o fôlego.
Seraphina havia se tornado sombra, e Sophie, por fim, compreendeu:
a pureza da alma é apenas o início da jornada -
a escuridão é onde ela se forja.
E quando a luz voltar,
não trará salvação -
trará memória.
Pois aquilo que nasceu no eclipse
jamais voltará a ser humano.