A Partitura Perfeita - Oc X Embry Call
2 parts Ongoing MatureNerina sempre soube que pertencia ao mar. Criatura de silêncios.
Ela viera daquilo que os lobos chamavam de abismo; o mar que sussurra nomes que ninguém se lembra.
Dona oculta do Costa Cinza, uma lanchonete construída sobre as pedras de La Push, Nerina vive entre humanos fingindo rotina: trabalha como garçonete, observa, mantém distância. O estabelecimento atrai moradores da reserva, adolescentes de Forks, turistas ocasionais - exatamente como ela planejou. Não por ambição, nem há vaidade nisso, tampouco desejo de pertença; trata-se de manutenção. Manter-se íntegra exige vigilância, e vigilância pede proximidade controlada. O sal impregna o ar e a memória, e ela administra esse sal com precisão.sabendo que qualquer excesso corrói.
Ela não sente do jeito que humanos sentem; o vazio que a habita não dói, mas pesa, uma massa estável que organiza decisões sem pedir permissão ao afeto.
Ainda assim, há a exceção - não uma chama, nem impulso - um eixo.
Elátrina não escolhe, não seduz, não promete; sustenta. É pérola de frequência única, e quando surge, instala-se no corpo alheio como necessidade.
Embry Call caminha alheio a isso, humano por enquanto, riso fácil, presença que estabiliza o chão sob os pés dela sem jamais tocar-lhe a pele. Nerina o acompanha com a atenção de quem mede correntes: se ele está bem, a água aquieta; se algo ameaça, o sal fica espesso. Não há ternura no gesto, há estratégia vital. Perder Embry significaria dissolução - não dramática, apenas final.
Perdê-lo significaria afundar de volta no vazio absoluto que define sua espécie.