rehearsals and silences.

Desde que começaram a gravar juntas, Lauren Ambrose e Tawny Cypress estabeleceram uma rotina: toda noite, depois das leituras oficiais de roteiro, se encontravam discretamente no trailer que dividiam para ensaiar as cenas do dia seguinte. A desculpa era sempre a mesma - "só pra deixar mais natural". E de fato, funcionava. A química em cena era inegável, intensa, crua. Quase íntima demais.

O que ninguém sabia - nem mesmo as pessoas mais próximas no set - era que aquelas sessões noturnas se estendiam. Elas discutiam motivações das personagens, mas logo estavam falando de si mesmas. Medos. Desejos. Momentos da vida que deixaram marcas.

Com o tempo, os limites entre o ensaio e a vida real foram ficando borrados. Um toque no braço demorava um pouco mais. Uma fala dita com emoção verdadeira. Um olhar que se sustentava além do necessário. E o coração acelerado de ambas, toda vez, disfarçado por uma risada ou um "vamos de novo?"

Ambas sentiam. Há meses. Mas nenhuma dizia nada.

Até que um novo roteiro chega. Uma cena entre Van e Taissa - carregada de tensão, confissão e finalmente... um beijo. Não por romance, mas por desespero, por lembrança, por tudo que ficou preso entre elas durante décadas.
Durante o ensaio da cena, algo acontece: Lauren se quebra no meio da fala. Tawny se aproxima, toca seu rosto, e pela primeira vez... nenhuma das duas foge do que está ali. Do que talvez sempre esteve.

Mas será que um sentimento real pode sobreviver aos limites da ficção? Ou elas só estavam se escondendo por trás das personagens esse tempo todo?