A luz suave do fim da tarde pintava a biblioteca com tons dourados e nostálgicos. Sofia Lancaster ajeitava os livros em uma das estantes mais altas, ficando na ponta dos pés para alcançar. Seus cabelos ondulados, castanho-escuros, balançavam de leve enquanto ela se esticava, o vestido vermelho que usava - sua cor preferida - destacava ainda mais seu jeito delicado.
Com apenas 1,50 de altura, Sofia parecia, à primeira vista, frágil como uma personagem saída de um conto romântico. Mas havia nela uma pitada de ousadia: um brilho atrevido nos olhos, um jeito curioso de encarar o mundo, mesmo escondida naquele pequeno universo de papel e silêncio.
A biblioteca era seu refúgio. Não era grande nem famosa, mas tinha seu charme: prateleiras antigas, mesas de madeira gastas pelo tempo, e o cheiro acolhedor de livros velhos. Para Sofia, aquilo bastava. Era uma vida simples, segura, tranquila.
Ou pelo menos era o que ela pensava.
Enquanto organizava um exemplar de Crime e Castigo em seu devido lugar, sentiu uma pontada estranha no peito - uma sensação difícil de explicar. Como se algo estivesse prestes a mudar.
Ela não sabia, mas o destino já começava a tecer seus fios ao redor dela.
E no centro dessa teia, havia alguém que carregava o peso de um mundo nas costas, muito mais sombrio que qualquer história contada nos livros: Carvalhe Lewis
Uma mulher de presença forte, estilo despojado e olhar cortante, que em breve entraria na vida de Sofia como uma tempestade - e, com ela, traria a escuridão, a paixão e o perigo.
Celina sempre achou que a vida poderia ser mais simples, mais tranquila, mais... previsível. Mas a sua vida nunca foi assim. A livraria onde trabalhava era um refúgio de palavras, mas também de solidão. Os dias se arrastavam em meio ao cheiro de papel envelhecido e o som suave das páginas sendo viradas. Ela gostava de calmaria, do silêncio, mas ás vezes sentia um vazio que nada e ninguém podia preencher. Olhava para as prateleiras e via histórias de amor, aventura, superação, e se perguntava se algum dia ela poderia viver algo além da monotonia dos seus próprios pensamentos. Era fácil se perder entre os livros, onde tudo parecia mais nítido, mais seguro. Mas a verdade era que Celina tinha medo de sair da sua zona de conforto. Ela era dona de uma beleza discreta, que ninguém notava, e de um coração que batia mais forte pela solitude do que pela companhia. olhava-se no espelho e via uma mulher comum, com inseguranças que a impediam de ver além de suas próprias falhas. E embora soubesse que algo dentro dela ansiava por mais, não sabia o que esse "mais" realmente significava.
A rotina de sempre foi interrompida no momento em que ele entrou na livraria - Dante. E, com ele, algo em seu mundo começou a mudar, como uma promessa não feita e uma sombra a se aproximar. Ela ainda não sabia, mas aquele encontro marcaria o começo de uma história que ela nunca imaginou viver.