O Segredo da Casa da Medusa

A antiga Lusitânia é cenário de lendas e deuses com raízes profundas nas crenças elementares do povo, onde as narrativas que são transmitidas de uma geração para outra assumem uma verdade incontornável e não encontram uma explicação na história e nas crónicas oficiais desse tempo. No entanto, ninguém duvida de que os acontecimentos narrados se deram, em cumprimento dos ditames divinos tão difíceis de contrariar pelos frágeis humanos...

É neste cenário de brumosa inquietude e de resplendor encantado que uma rapariga recorda as histórias da cidade de Abelterium que a velha Sunua lhe tem contado desde a sua infância e que asseguram que, duzentos anos antes, o imperador de Roma fez paragem imprevista no território, no meio das suas afamadas viagens pelo enorme império que governava, para investigar o misterioso assassinato de um político local. Nesses tempos de silêncio e tumulto, desenterram-se rivalidades antigas, escondem-se paixões proibidas, convocam-se deuses esquecidos e prepara-se uma revolta num ambiente de tensão crescente.

Ao mesmo tempo que revê os meandros intrincados dessa história que terá levado à suposta destruição de Abelterium ordenada pelo imperador de Roma, a rapariga entrelaça nestes as suas próprias memórias da construção da sala de refeições da sua casa que, segundo ela, possui segredos relacionados com os acontecimentos do passado e com a mais famosa das górgonas, a Medusa.

As duas histórias, a do presente e a do passado, conduzidas pelas dúvidas e pelas certezas da rapariga à medida que vai tecendo tão intrincada tapeçaria que a levam ao seu crescimento inevitável de criança a mulher, fundem-se elegantemente num jogo permanente de luz e sombras revelando essa Lusitânia de antanho, em que o amor, a ambição, o poder e o sagrado determinam os destinos de todos - dos antigos, de quem vive o presente, até de quem viverá o futuro.

Obra registada no IGAC sob o n. 820/2025.