
Em Arkham, um hospital psiquiátrico tão antigo quanto os segredos que sussurra, o silêncio nunca é apenas ausência de som - ele observa, espreita, carrega nomes que há muito tempo ninguém ousa pronunciar. Enid Sinclair não é louca. Apenas entendeu cedo demais que a dor não fala, mas faz eco dentro do corpo. Entre sessões conduzidas por uma psicóloga jovem demais para compreender os vazios e encontros furtivos com uma bibliotecária que nunca toca, mas sempre deixa marcas, Enid tenta sobreviver aos dias arrastados por remédios, corpos apagados e brincadeiras que doem até sangrar. Algo em Arkham está fora de lugar - ou talvez sempre tenha sido assim. Pessoas desaparecem. Outras voltam diferentes, com olhos mais fundos, mais escuros. Há lembranças que se repetem como uma cicatriz mal curada, como se o próprio passado estivesse impregnado nos azulejos dos corredores. Quanto mais Enid tenta entender os que a cercam, mais se aproxima da verdade que sempre evitou: descobrir quem ela é de fato. E o que existe nela que Arkham não consegue conter. No fim, talvez a pergunta não seja o que fizeram com Enid. Mas o que Enid se tornou.All Rights Reserved
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