O Reflexo Partido

Dizem que os espelhos mentem, mas aqui... eles apenas contam verdades que ninguém ousa olhar nos olhos.

Havia um tempo em que o Reino dos Espelhos era inteiro. Antes da rachadura. Antes da guerra. Antes do amor que fez rolar cabeças.

Duas rainhas dividiam o trono - uma de luz, uma de sombras. A Rainha Branca governava o Lado de Cima, onde a razão era lei e os sentimentos, um sussurro. Já a Rainha de Copas... bem, ela reinava no Lado de Baixo, onde o desejo era rei e o juízo, um luxo dispensável. Sua voz era ordem. Sua beleza, uma maldição. Seu amor... um caminho direto à perdição.

E então... veio ela.

Alice não caiu de um buraco como dizem por aí. Ela foi atraída, sugada pelas rachaduras da realidade, como uma peça esquecida num jogo que já havia começado sem ela. Uma peça que não devia existir.

Um cavaleiro jurado, fiel até os ossos à Rainha de Copas, viu nela algo que nunca deveria ter sentido. Um deslize de olhar. Um toque não dado. Um desejo escondido nos reflexos.

E o espelho... partiu.

Agora, todos jogam. Rainhas, peões, torres e corações. Mas aqui, minha querida, o xeque-mate não leva à vitória... leva à loucura.

E a cabeça?
Cortada.
Com requinte.
Com prazer.
Com amor.

Bem-vinda ao Jogo dos Espelhos.
Onde amar é trair.
E perder o juízo... é só o começo.