A cidade parece maior agora. É como se cada prédio escondesse um novo desafio, uma nova chance de se perder. Antoni carrega a mochila nas costas, o fone no ouvido e um aperto discreto no peito. Tem 17 anos e acaba de ingressar na faculdade, na capital, depois de passar a vida toda na cidade vizinha - um lugar onde todo mundo se conhece, e ser diferente nunca passa despercebido.
Ele é negro de pele clara, com os cabelos cacheados caindo sobre a testa, e uma expressão doce que não esconde sua feminilidade. Nunca foi do tipo que se encaixa. E, talvez por isso, aprende a caminhar com o queixo erguido, mesmo quando por dentro tudo parece balançar.
A cidade é barulhenta, agitada, cheia de rostos apressados - e entre eles, ele. Um pontinho perdido no meio da multidão.
Mas o destino, como sempre, tem suas brincadeiras.
Manuka mora ali, na capital, há anos. Tem 18 anos, não estuda mais, e anda pelas ruas como se o mundo fosse dele. É branco, com um estilo meio bad boy, olhar desconfiado, e uma presença difícil de ignorar. É bissexual, embora isso nunca seja assunto com ninguém além dele mesmo. A vida o obriga a crescer cedo demais - e agora ele procura trabalho, sobrevivendo com o que dá.
O curioso é que Antoni e Manuka já se conhecem. De certa forma.
Três anos atrás, se esbarram em algum canto da internet. Conversam por semanas, trocam confidências, sorrisos tímidos por mensagem e até algumas vontades que ficam no quase. Mas nunca se veem de verdade. Nunca passam da tela. Entre promessas adiadas e silêncios mal explicados, tudo esfria. E a vida segue.
Ou pelo menos parece que segue.
Até agora.
Isabella Benitte e Thiago Veigh se conheceram antes do cantor virar quem é hoje.
O casal se amava e eram felizes um com o outro, mas o destino tinha outros planos para eles.