Agnes Chevalier chegou a Miami com pouco mais do que coragem na bagagem. Trazia algumas economias, uma porção de novelos coloridos, agulhas afiadas e a firme vontade de recomeçar. Estava sozinha numa cidade nova,sem amigos, sem contatos, e com a necessidade urgente de ganhar o próprio dinheiro. Não demorou a arregaçar as mangas e fazer o que sempre soube fazer de olhos fechados e alma aberta: crochê. Bateu de porta em porta, ouviu muitos "a gente te liga", e quase desistiu algumas vezes. Até que um dia, por sorte ou destino, conseguiu um cantinho numa lojinha local pra expôr suas criações. Era simples, mas era dela. E pela primeira vez em muito tempo, Agnes respirou fundo e sentiu que as coisas podiam, enfim, começar a dar certo.
Mas o que ela não contava era com o segundo dia. Um daqueles dias normais, sem nada demais. Até a porta abrir a ele entrar. Um garoto qualquer, procurando um presente pra namorada. Só que ele não era qualquer um. Tinha aquele sorriso leve, educação rara e um jeito calmo que fez Agnes esquecer como se respirava. Ela tentou não encarar. Tentou mesmo. Mas ele olhou de volta, e ali aconteceu alguma coisa. Algo silencioso, estranho e bonito. O que era pra ser só mais uma venda virou o primeiro fio de uma história inesperada. Entra linhas, encomendas e conversas cada vez mais longas, agenda vai descobrir que nem sempre a vida precisa de grandes planos - às vezes, basta um encontro improvável pra que tudo comece a fazer sentido.