O Evangelho Segundo Os Caídos

Cael não caiu em metáfora despencou do céu.
Expulso por questionar a vontade divina, desperta em um corpo mortal e, pela primeira vez, descobre o que é existir com limite: o frio da pele, o gosto do sangue, o peso da culpa.

Adota o nome de Elias quando uma mulher de fé calma o acolhe. Sob o teto simples dela, aprende que o silêncio humano pode ser mais ensurdecedor que o cântico dos anjos. Mas a paz nunca dura para quem já ouviu a voz de Deus.

Acusado de um crime que não compreende, Elias é lançado em um presídio onde o tempo não passa e ali encontra um homem de olhar contido e alma ferida, cuja presença acende algo que ele não tem nome pra descrever.
Entre eles nasce um laço impossível: feito de medo, ternura e algo mais sombrio, um desejo que parece ecoar da própria Criação.

À medida que o céu se cala e o inferno observa, Elias precisa escolher entre o arrependimento e o pecado que o faz sentir vivo.
Porque talvez, no fim das contas, cair não tenha sido punição mas libertação.