Prefácio
Existem desejos que não se nomeiam, que nascem no avesso da pele, naquele lugar onde a moral não alcança e a razão simplesmente não se sustenta. Eles não pedem licença, não seguem regras, não respeitam limites. Só crescem, tomam e queimam.
Não se trata de amor, nem de afeto, nem de qualquer coisa que se enquadre nas narrativas seguras e previsíveis. É fome. Fome da carne, do toque, do domínio, do controle. Fome daquilo que não se diz, mas pulsa nas entrelinhas de cada olhar, de cada silêncio, de cada provocação sustentada até o limite do insuportável.
Existe um tipo de conexão que não cabe no mundo real. Ela vive exatamente no limiar entre o prazer e a tortura, entre a sanidade e a rendição mais obscena que um corpo pode suportar. E, quando acontece, não resta espaço para escolhas conscientes.
Você não ama esse tipo de homem. Você não esquece. Você aprende a sobreviver a ele.
Eu não estava procurando nada. Nem o caos, nem o vício, nem o tipo de perigo que gruda na pele e não solta. Mas talvez, no fundo, eu já soubesse que alguns encontros não são fruto do acaso. São armadilhas cuidadosamente construídas pelo destino para lembrar que certas pessoas não chegam para somar... elas chegam para destruir.
Porque o problema de brincar com fogo é que ele percebe quando você está disposta a queimar.