Entre serpentes e silêncio

Ninguém lembra exatamente quando ela chegou.
Só que já estava ali,
olhando o mundo como quem pressente rachaduras onde os outros só veem mármore.

Ela não pedia nada.
Mas carregava tudo.

Silêncio, força, uma beleza que doía - e uma presença que parecia... esperar algo.
Ou alguém.
•

Diziam que vinha de um passado manchado.
Que seu sangue trazia nome de guerra.
Mas ela não se curvava a esse nome.

Ela não queria reconhecimento.

Queria equilíbrio.
•

Houve quem tentou controlá-la.
Quem tentou salvá-la.
Quem tentou amá-la.

Todos falharam.

Porque Aurora não estava perdida.

Ela só ainda não havia escolhido o que queria ser.
•

E quando escolhesse...
o mundo saberia.

O céu mudaria.
O chão tremeria.
O tempo, talvez, hesitaria.

Mas uma coisa era certa:

Nada ficaria de pé,
se ela decidisse andar sozinha.