Entre a névoa das lendas e a rigidez dos fatos, há um território desconhecido onde os mitos respiram. Este livro é uma viagem pelos estados brasileiros, não através de suas fronteiras geográficas, mas sim pelos mapas invisíveis de suas narrativas ancestrais. Aqui, cada poema é um diálogo entre a credulidade e o ceticismo, entre o que os povos juram ter visto e o que a razão insiste em negar.
A sofística, com seu questionamento radical sobre a natureza da verdade, serve como lente para examinar nossas lendas. O que é real? O que é projeção? E se a resposta for: ambos? Os poemas que seguem não buscam provar ou desmentir, mas sim explorar esse limiar onde os monstros habitam tanto a floresta quanto a mente humana. O Mapinguari, o Saci, a Mula sem Cabeça - todos ganham vida dupla nestes versos, simultaneamente criaturas de carne e osso e metáforas de nossos medos coletivos.
Este não é um livro sobre folclore, mas sobre os mecanismos do folclore. Como nascem os mitos? Por que persistem? E o que revelam sobre nós, brasileiros, que continuamos a alimentá-los mesmo em plena era tecnológica? Nas entrelinhas de cada poema, o leitor encontrará perguntas maiores: Se uma lenda for desmascarada, perdemos um engano ou uma verdade mais profunda? Quando o povo insiste em ver serpentes onde cientistas veem gases pantanosos, quem está realmente enxergando melhor?
Organizados por estados, estes 30 poemas formam um Brasil paralelo - aquele que existe no imaginário, tão real quanto o país dos mapas. Convidamos você a percorrê-lo com a mente aberta: talvez os monstros mais fascinantes não estejam nas matas ou rios, mas no espelho que essas histórias seguram diante de nossa identidade.
A verdade, como ensinavam os sofistas, é sempre filha do tempo e da persuasão. Nestas páginas, ela dança com a poesia.
(Pronto para mergulhar no primeiro poema?)