
A voz dela soava como um sussurro - daqueles sussurros que tentam ser gritos, mas nada sai. Ela gritava para que eles parassem, mas eles não pararam. Mataram seu melhor amigo bem na sua frente, como se quisessem vê-la sofrer. Como uma criança de apenas nove anos poderia merecer sofrer por um crime que não cometeu? Ela tentava gritar, mas nenhum som saía de sua boca. Sua voz estava rouca, mesmo sem ter gritado. Sua cabeça doía. Ela estava enjoada. Caiu de joelhos no chão e desmaiou, deixando que eles levassem seu amigo de infância para a morte. Quando acordou, estava em meio ao caos. A casa do amigo estava destruída. Apenas ela e o corpo dele restavam ali, jogados no chão. Com dificuldade, ela se arrastou até ele. Pegou-o nos braços e o segurou no colo. E então, finalmente, o grito saiu. O grito que antes não vinha. Um grito de dor, de desespero, de perda. O som percorreu toda a cidade. Bairros inteiros tiveram suas energias drenadas. Cantores silenciaram, suas vozes abafadas pelo brado da deusa. Não era a Deusa do Amor, nem a da Morte. Era a Deusa da Verdade e do Julgamento Celestial. Filha de Zeus e Hera. Alice. A deusa que ousou amar um mortal. E que agora chorava por ele. Seu grito estridente ecoou por todo o Olimpo. Zeus e Hera, ao ouvirem a dor de sua filha mais nova, fizeram os céus se fecharem calar. Seus olhos se tornaram vazios - como se alguém tivesse arrancado sua alma, tirado suas pilhas, deixado apenas o corpo de uma deusa quebrada.All Rights Reserved
1 part