INCANTO; Charles Leclerc.

Ela só queria um recomeço... Longe da bagunça de onde veio, perto das raízes das quais sempre ouvira falar. Um período na Itália parecia perfeito: uma nova cidade, novos sabores, um idioma que dançava nos ouvidos e lembranças que voltavam junto ao cheiro do molho de tomate fresco.

Giullia não fugia de um amor. Ela fugia de si.
Dos espaços vazios que deixaram, do apartamento onde tudo lembrava o que não foi.
Da exaustão de estar sempre tentando encaixar sua intensidade em vidas apressadas demais para senti-la.

Na Itália, ela reencontra algo que não sabia que havia perdido: o silêncio confortável, o tempo que desacelera, a Giullia que ela foi quando ainda sonhava em ser feliz - não apenas funcional.

Mas o destino, às vezes, tem planos silenciosos - que chegam em forma de tropeços, acasos e olhos claros demais para ignorar. Ele apareceu como quem não queria ser visto. E ela, como quem preferia não ser notada.

Ele é o tipo de homem que aprendeu a correr antes de sentir.
Ela, o tipo de mulher que sente até o que não deveria.
Entre ruelas escondidas, cicatrizes pequenas e jantares improvisados, nasce uma conexão que desafia o óbvio - e os limites que cada um jurou não ultrapassar.

Há segredos que não se contam, e sentimentos que insistem em crescer mesmo quando tudo ao redor diz que não deveriam existir.

E quando o passado já não cabe mais, o futuro é uma incerteza, e o agora parece frágil demais para se sustentar... Será que amar é se perder mais uma vez ou, enfim, se encontrar?