
Como eu tinha ido parar ali...? Eu não fazia a menor ideia. Minha última lembrança era de estar fotografando alguns patos no lago. E agora, aqui estou. Numa cama, cercada de silêncio e dor. Antes que eu pudesse tentar me sentar, a porta se abriu, revelando a figura de uma enfermeira - magra, de cabelos curtos e expressão serena. Ela entrou com uma bandeja de comida nas mãos, sorrindo gentilmente. - Calma, não se esforce... - disse, com uma voz leve, enquanto colocava a bandeja sobre uma mesinha próxima. - Seu acidente foi feio, hein? Mas vai ficar tudo bem. Ela se aproximou da cama, seu olhar atento a qualquer sinal de desconforto. - Como se sente, Sakura? - Eu... eu não sei - respondi, a voz fraca e rouca. Minha cabeça latejava. - Como eu vim parar aqui? - Você estava saindo do parque e, ao atravessar a rua, um carro bateu em você - respondeu com cuidado, escolhendo as palavras para não me assustar ainda mais. - Eu... eu não me lembro de nada - murmurei, quase num sussurro. - Sorte que você estava com seu marido. Ele te trouxe bem rápido. - Ela sorriu com ternura. - É uma mulher de sorte... com todo respeito. Marido? Levo alguns segundos para processar o que ela disse. Como assim... meu marido? Eu era casada? Quando isso tinha acontecido? Nada fazia sentido. Minha mente era um véu em branco, sem datas, sem nomes. Só silêncio. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, a porta se abriu novamente. Um homem alto entrou. Cabelos pretos, longos até o maxilar. Seu olhar me fez arrepiar. Era intenso... familiar... Mesmo sem lembrar de nada, algo em mim sabia. Eu o conhecia. Ele se aproximou da cama com passos contidos. Seus olhos não se desviavam dos meus. Então, um sorriso leve surgiu em seus lábios. Sua voz preencheu o quarto. Baixa, mas firme. - Que bom que acordou, querida. Eu estava tão preocupado.All Rights Reserved
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