O Último Domínio Do Imperador
17 parts Ongoing Bastara-lhe um só olhar.
E o Imperador - cuja mão selava destinos e cuja sombra fazia tremer os nobres - viu-se, pela primeira vez, vencido. Não por lâminas ou levantes, mas pelos olhos castanhos de um ômega que dançava como se cada gesto pertencesse aos deuses e cada curva de seu corpo fosse moldada para a perdição dos homens.
No salão em penumbra, onde o pecado era lei e o prazer, coroa, o tempo suspendeu seu curso. Nem o tilintar das taças, nem o murmúrio dos lascivos que ali se banqueteavam, lograram alcançar-lhe os sentidos. Havia apenas o bailar - lento, lascivo, perfeito - e o lume morno daqueles olhos que pareciam fitá-lo e desvendá-lo, como se soubessem de sua fome antes mesmo de ele a reconhecer.
"Hei de tomá-lo como meu," sibilou o Imperador, sua voz rouca como vento noturno nas fendas das torres antigas.
"Nem o céu, nem o inferno, hão de impedir-me... pois ele já me possui mais do que eu jamais possuí qualquer coisa neste mundo."
E ali, envolto em desejo e treva, o soberano compreendeu: sua ruína não viria por sangue... mas por amor - um amor tão belo quanto amaldiçoado.