"Humanos não conseguem enxergar almas. Não os humanos comuns. Médiuns são o que você poderia chamar de exceção."
"Você não parece um médium." Levi acusou ao se basear na imagem caricata de um, não acreditando naquela história, mas curioso para saber até onde aquele homem iria
Se isso fosse alguma forma que a mente dele encontrou para justificar essa perda de tempo, como ele supôs que fosse desde o momento em que acordou, ficaria impressionado com esse lado inconscientemente religioso e estranho dele. Nesse caso, daria corda a si mesmo, tecnicamente?
"Porque eu não sou. Sou um tipo diferente de alma. Um ceifador," o estranho respondeu sério demais para ser brincadeira. Mas não foi o suficiente para convencer Levi.
"Então você veio 'colher a minha alma?" A pergunta veio com todo o sarcasmo que ele já usou em vida, deixando claro o seu ceticismo. "Cadê a foice e o capuz? Você tem mais carne do que um esqueleto deveria ter, também."
Isso pareceu tê-lo irritado, finalmente, mas foi apenas um leve estreitar de olhos. Nada além disso. Esse filho da puta tem muito autocontrole, ele pensou consigo mesmo. Sinceramente, não estava com paciência para contos de fadas agora.
"Você tem uma visão muito infantilizada da morte," o ceifador respondeu depois de alguns segundos, com um julgamento frio, mas quente na sua provocação, e funcionou. Satisfeito, o tom profissionalmente neutro e elegante voltou. "Ela não é uma entidade mística. É só o encerramento de um ciclo natural. A morte é o fim da vida. Ceifadores não tem nenhuma relação. Nosso trabalho começa depois disso."
"Na vida após a morte?" A pergunta foi ácida.
"Exatamente."