Ela era vermelho quando a toquei pela primeira vez. Quente o bastante para escorrer por meus dedos como lava, um vulcão irrompendo no meu peito, afogando de fúria os mares tranquilos que me cercavam. Scarlet invadiu-me com cor e sentença, bordando em mim a febre insana de correr em sua direção.
E o que sou, senão um poeta trágico, perdido em seus próprios infernos, à procura incansável da alma que me espelha?
Scarlet, diga-me:
Ainda podemos continuar nossa dança infame?
Sou digno de tua paixão e devoção, ou devo abraçar a ironia desta tragédia, convidando o abismo a rir conosco? Sou apenas o príncipe de um império arruinado, herdeiro de cinzas, sustentado por fantasmas que vieram antes de mim.
O fracasso me acompanha como um velho amigo, e torno-me sombra diante da tua presença surreal. Espero tua voz aveludada, teus braços que me devolvem ao mundo, e sinto-me amaldiçoado e abençoado por ser o escolhido por ti.
Scarlet, aguardo o dia em que me chamarás de rei em meu trono despedaçado e consentirás em ser minha rainha. Somente minha.
E juntos, escreveremos a mais trágica das histórias de amor.
Um reinado feito de fogo.
Um império sustentado pela perdição.