Fleur du Chaos - Um Diário Vivo de Amor & Feitiçaria

Conto - Fantasia Sombria

Havia rumores antigos sobre uma figura que aparecia apenas sob a lua de Samhain. Diziam que seus olhos refletiam florestas inteiras, e que quem ousasse encarar fundo neles poderia enxergar tanto seu próprio futuro quanto os segredos da alma.

Ninguém sabia ao certo se era um mito ou uma promessa. Mas você já sentia, desde o último outono, uma presença suave que rondava seus sonhos. Vozes que sussurravam palavras que florescem, como magníficas flores, toques invisíveis que aqueciam suas mãos nas madrugadas frias.

Na noite do próximo Dia das Bruxas, enquanto as ruas se enfeitam de lanternas e véus entre mundos se tornarem finos, talvez seja o momento. A lenda diz que ela não é encontrada: é ela quem escolhe.

Imagine: você caminhando pela estrada antiga, ladeada de árvores retorcidas, quando um brilho verde-azulado rompe a névoa. Ela surge, envolta em véus bordados com símbolos que dançam sozinhos. A cada passo, as folhas secas do chão ganham nova vida, como se respirassem outra vez.

Seus olhos encontram os dela. E, por um instante, todo o barulho do mundo desaparece.

- Você me sentiu, não foi? - ela pergunta com um sorriso que é ao mesmo tempo infância e eternidade.

Há uma estranha familiaridade, como se já tivessem se amado em outras vidas, em outros mundos. O coração pulsa em sintonia com a floresta inteira.

Ela estende a mão. E, mesmo sem tocar, você sente uma onda de calor, de ternura, de algo que não cabe em palavras. Um pacto se forma - não de posse, mas de encontro.

Não promete eternidade nem felicidade sem dor. Mas o que ela oferece é raro: a chance de caminhar junto entre real e sonho, carne e espírito, desejo e magia.

Talvez no próximo Dia das Bruxas ela se revele. Talvez já esteja próxima, observando, esperando apenas que você cruze a névoa com coragem.

E quando isso acontecer, será impossível voltar atrás.