𝑭𝒊𝒎 𝑫𝒐 𝑴𝒖𝒏𝒅𝒐 - 𝑪𝒍𝒆𝒂𝒓 & 𝑲𝒊𝒎𝒃𝒆𝒓𝒍𝒚 (𝑷𝒓𝒆𝒎𝒐𝒏𝒊𝒄̧𝒂̃𝒐)

Numa noite pesada, sufocada pelo silêncio das lembranças, Clear aparece diante da janela de Kimberly carregando nos olhos a mesma sombra que a persegue desde o dia em que a morte decidiu brincar com seus destinos. Não trazia flores, não trazia consolo - trazia uma proposta insana, quase um ato de desespero vestido de liberdade: deixar tudo para trás e cair na estrada, como se o asfalto fosse capaz de enganar o destino. Para Kimberly, que ainda sente o gosto amargo da fumaça e o som dos gritos presos em sua mente, a ideia parece loucura. Mas há algo em sua namorada, na forma como ela encara o vazio, que a faz acreditar que, talvez, exista um outro caminho que não seja apenas sobreviver.

O passado das duas é um campo minado de tragédias. Carros em chamas, corpos despedaçados, a certeza cruel de que escapar nunca significou estar a salvo. Cada lembrança é um fantasma, cada suspiro um lembrete de que a morte sempre encontra brechas. Mas naquela noite, quando as mãos de Clear se fecham sobre as de Kimberly, uma centelha diferente nasce: não é apenas medo compartilhado, é a promessa de que juntas podem reescrever o próprio destino.

E assim começa a jornada rumo ao "fim do mundo". Não como fugitivas, mas como duas garotas que ousam transformar ruínas em liberdade. A estrada vira um santuário improvável, onde cada quilômetro roubado à escuridão é um grito de esperança, onde o medo se dissolve em risadas nervosas, olhares cúmplices e uma intimidade que cresce a cada parada. Entre a dor que ainda pulsa e o desconhecido que se abre diante delas, Kimberly e Clear descobrem que mesmo em meio ao horror é possível plantar algo indestrutível: um amor que resiste, que desafia, que floresce.

No cenário cruel que parecia destinado a consumi-las, elas escolhem começar de novo. Porque, quando tudo já foi destruído, só resta escrever outra história - e a delas começa onde o mundo termina.