O FIM NÃO COMBINA COM NÓS

Depois que você se foi, os dias perderam o contorno do que eram. Carrego na memória o brilho dos seus olhos quando se encontravam aos meus, o riso leve que se desprendia das nossas brincadeiras antes do sono, o silêncio que nós transformávamos em toques suaves e invisíveis, como se o tempo parasse ali. E, de repente, sinto sua falta nos instantes mais improváveis, nos espaços onde não existe motivo algum para lembrar você. Talvez seja porque você já não faça sentido - e, ainda assim, continua morando em cada detalhe que me habita. É como se uma parte de mim tivesse criado raízes em você, um fio secreto que não se rompe, um pedaço eterno do meu ser que te chama em silêncio, mesmo quando eu sei que não deveria.