O silêncio na Tempestade

A tempestade parecia querer engolir o mundo naquela noite em que seus caminhos se cruzaram.
O vento rugia entre as árvores, e a chuva caía como se lavasse pecados antigos. No meio da escuridão, ele a encontrou - frágil, ferida, com o corpo tremendo de medo e o olhar perdido entre o desespero e a esperança.

Ela fugia de um destino que não escolheu, de um futuro que lhe fora imposto como uma sentença. Carregava nos olhos o cansaço de quem já lutou demais e ainda assim não encontrou refúgio.
Ele, um homem, habituado ao silêncio e ao peso das próprias cicatrizes. Trazia no peito um passado que o perseguia como sombra, e na alma a vontade constante de ser fiel a algo maior que ele mesmo.

Naquela noite, entre o frio e os trovões, algo invisível os ligou - uma força sutil, impossível de nomear, mas capaz de estremecer tudo o que até então pareciam certezas.
Os dias seguintes revelaram uma convivência delicada, feita de gestos contidos, de olhares que fugiam e se procuravam, de palavras que nunca chegavam a ser ditas.
Cada toque acidental parecia carregar um peso sagrado; cada silêncio, um eco de algo que nascia sem permissão.

Entre promessas e renúncias, o sentimento cresce como um fogo tímido sob a chuva: proibido, puro, irresistível.
E enquanto o tempo se dobra entre o dever e o desejo, ambos percebem que há amores que surgem não para serem vividos - mas para revelar o quanto o coração é capaz de amar, mesmo quando o mundo inteiro parece dizer que não.