Dizem que alguns amores florescem para durar.
O dela, floresceu para morrer.
Ayla sempre viveu entre o silêncio e o sonho - onde as cores se apagam devagar, e o tempo parece se mover em sussurros. Há dias em que o mundo lhe parece distante, quase transparente, como se ela caminhasse por dentro de uma lembrança.
E então, o amor chegou.
Um amor bonito, terno, cheio de promessas pequenas e gestos distraídos. Um amor que acendeu algo dentro dela... mas que, aos poucos, começou a queimá-la por dentro. O corpo reagiu antes da alma entender: pétalas surgiram entre suspiros, flores delicadas brotaram da dor.
Ayla tenta continuar. Segura o riso dos amigos, o olhar de quem a quer por perto, e o peso de um sentimento que cresce onde não deveria.
Mariana, Samuel e Luan se tornam abrigo. Hélio, o centro da ferida. E entre eles, o tempo se enrosca em silêncios e palavras que doem mais do que a própria doença.
Cada dia é um pouco mais curto, um pouco mais frágil.
Cada flor que nasce dentro dela é um lembrete de que o amor, às vezes, é um tipo de enraizamento que não dá fruto - só consome.
Essa é a história de uma menina que floresce da dor.
Uma história sobre o florescer inevitável do amor e o preço de guardá-lo dentro de si.
Sobre o que nasce do silêncio - e o que permanece, mesmo quando tudo murcha.
Porque, no fim, há jardins que nascem apenas para existir uma última vez.
Uma humana. Um guerreiro alienígena. Um destino selado pela deusa.
Os Draelith vivem um dilema mortal: suas fêmeas estão desaparecendo. Uma doença misteriosa ceifou gerações, deixando pouquíssimas capazes de gerar filhotes. A cada ciclo, menos nascem. Os filhotes Dren são raros, e a população corre o risco de desaparecer. A ciência, tão avançada, não conseguiu curar a praga. O Conselho buscou alternativas: unir-se a outras espécies. Mas os orgulhosos Thyrrali de Thyrren recusaram; os Nyssari de Nyssara não são geneticamente viáveis. Restou apenas uma opção desprezível: as humanas, frágeis, indefesas, uma espécie considerada escória galáctica.
Mas, para os Draelith, não há escolha. A sobrevivência de seu povo exige sacrifícios.
Em meio ao Conselho Supremo, a decisão foi tomada: testar uma humana. Uma única fêmea, arrancada de seu mundo, será usada para verificar se sua espécie pode gerar filhos fortes. Nenhum desejava ser o primeiro a se unir a uma terrana. Nenhum - exceto Zareth, o chefe dos guerreiros, que se ergueu em lealdade ao seu povo e assumiu o fardo.
Naquela noite, sob o brilho frio das naves prateadas, uma humana solitária seria escolhida.
Para ela, seria o início de um pesadelo.
Para ele, seria o começo de uma guerra contra sua própria essência.