amor e preconceito

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Na favela, onde a luz é escassa e o silêncio pesa mais que o barulho, Kamily cresceu cercada por sombras que nunca se afastam. As ruas, frias e implacáveis, guardam segredos que ninguém ousa revelar, e as risadas que ecoam parecem mais ecos vazios do que alegria genuína. Desde cedo, ela aprendeu que a inocência é um luxo que o mundo ao seu redor não oferece - um jogo cruel de aparências onde a vulnerabilidade é punida.

Os primeiros anos na escola foram uma batalha silenciosa. O ambiente, longe de ser um refúgio, tornou-se um campo minado de olhares hostis e palavras afiadas, onde o medo se instalava disfarçado de brincadeira. Kamily sentia o peso de um destino que parecia traçado, como se estivesse presa em um ciclo de expectativas quebradas e promessas não cumpridas.

Mas havia algo mais. Um vazio frio que a chamava desde as profundezas da comunidade, uma sensação de que sua história estava entrelaçada com forças que ela mal compreendia. Segredos enterrados sob o concreto e a poeira da favela conspiravam para mantê-la cativa, como se o passado se recusasse a deixá-la ir.

Na solidão desse mundo, Kamily se tornou uma observadora silenciosa, percebendo que o amor e o medo coexistem em uma dança macabra, e que a sobrevivência depende de esconder as cicatrizes sob uma máscara impenetrável. A favela não perdoa, não esquece. E, para ela, a esperança é uma chama frágil, quase apagada, lutando para resistir ao vento cortante da realidade.

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