Faz com que doa

O amor - essa força que se disfarça de ternura e se revela em tormenta - é, talvez, a mais mutável das emoções humanas. Toma formas diferentes em cada alma que o sente: há quem o encontre num instante fugaz e o perca com a mesma leveza com que o vento apaga a chama de uma vela; e há quem o carregue, silencioso, por toda uma vida. Para Eiji Okumura, sete longos anos não bastaram para que o amor se dissolvesse - permaneceu ali, imóvel, entranhado na memória, como musgo que insiste em crescer sobre ruínas antigas.

Bastavam-lhe perguntas simples, pequenas fagulhas de recordação, para que a imagem de Aslan Lynx se reacendesse dentro de si - vívida, dolorosa, bela. Com ela vinham promessas quebradas, ecos de um passado que ainda respirava no escuro do seu peito. E, mesmo envolto em saudade e mágoa, Eiji sentia o coração palpitar, teimoso, como se cada batida sussurrasse o nome de Ash. Percebia, então, que estava condenado à mais doce das prisões: amar apenas aquele rapaz de cabelos dourados e olhos de um verde impossível - para sempre, e apesar de tudo.

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