No coração de um vilarejo tranquilo, onde o vento parecia sempre cantar canções de paz, havia uma pequena casa de madeira chamada Kawasumi. Nada de grande, nada de luxuoso - mas ali morava algo que muitos passam a vida inteira procurando: um lar. Takashi, o pai, forjava espadas com o cuidado de quem molda o destino; Kiye, a mãe, era calor e sorriso; e Naofumi, o filho, era o brilho inocente que acreditava que o mundo poderia ser sempre gentil.
Os dias passavam leves, como folhas levadas pela brisa. Naofumi aprendia com o pai, brincava no pátio, ria despreocupado. Havia algo de bonito naquela simplicidade, como se o universo tivesse escolhido aquele lugar para ser um fragmento de eternidade.
Mas eternidades são frágeis.
Numa madrugada silenciosa, enquanto a lua observava de longe, o pequeno Kawasumi despertou no quarto de hóspedes da casa de seu avô. O cheiro de madeira velha, o frio nos pés, nada indicava desgraça. Apenas um ruído distante - um chamado suave para o fim de tudo que ele conhecia.
Naofumi desceu as escadas acreditando que encontraria sua família preparando algo cedo demais. Mas o que encontrou... foi silêncio. Um silêncio pesado. Um silêncio que tem gosto de metal e cheiro de sangue.
Os corpos de seus pais estavam ali, imóveis, como se o mundo tivesse parado sem avisar. O calor da vida já havia deixado suas peles. As moscas já trabalhavam onde o amor antes morava. O riso, o lar, a eternidade - tudo ali, despedaçado.
A alegria que antes preenchia Naofumi evaporou-se. Seu coração gritou, sua garganta suplicou que aquilo fosse um pesadelo, mas o pesadelo era real demais. Ele caiu, chorando, soluçando, quebrando-se junto daquele cenário cruel, até que o próprio corpo desistiu e o deixou cair na escuridão da inconsciência.
Foi um homem desconhecido quem o encontrou. Um viajante, talvez um destino. Ele o carregou nos braços, silencioso, como quem carrega algo frágil demais para ser tocado pelo mundo.
Han Yeon-seul acordou de um coma com mais perguntas do que respostas, a maior delas ainda assombrando seus dias: onde está sua mãe? Dois anos se passaram desde o desaparecimento, e o acidente que quase tirou sua vida parece ter sido só mais um pedaço de algo muito maior do que imaginava.
Agora como Caçadora, Yeon-seul enfrenta demônios reais e internos, tentando manter unidos os fragmentos do que sobrou de si. Entre missões perigosas e memórias que insistem em sangrar, ela se apoia nos laços frágeis, mas profundos que forma com seu novo grupo, e em sentimentos silenciosos por Do Ha-na, que não consegue ignorar.
Enquanto o passado começa a se revelar a mesma percebe que nada é coincidência. E talvez ela estivesse mais perto do que pensava para encontrar respostas sobre sua mãe.