Koba, o macaco leal a César, fora um dia um prisioneiro em laboratórios humanos, marcado por cicatrizes e ódio. Vivia atormentado por lembranças de dor, acreditando que a humanidade era o verdadeiro mal da Terra. Durante uma caçada solitária na floresta, ouviu um choro agudo romper o silêncio entre as árvores. Correu na direção do som, instintivamente, guiado pela curiosidade e pela tensão.
Encontrou um bebê humano, sujo e indefeso, diante de um urso pardo faminto. Sem hesitar, Koba lançou sua lança com precisão e matou o animal com um golpe certeıro. O choro do bebê ecoou no ar, misto de medo e desespero.
Koba o observou, respirando pesado, dominado pela raiva e pelo conflito. Ergueu a lança, pronto para acabar com a vida humana diante dele. Mas algo dentro dele o deteve - as mãos tremiam, o coração pulsava em resistência.
Tentou mais uma vez, mas não conseguiu; o ódio não superava aquela estranha compaixão. Frustrado, bateu no chão e virou as costas, pretendendo ir embora. Deu poucos passos antes de parar, sentindo um peso na alma que o puxava de volta. Soprando fundo, voltou e pegou o bebê nos braços com cuidado. O pequeno agarrou seus pelos e parou de chorar, como se o reconhecesse como abrigo. Koba ficou imóvel por alguns instantes, sentindo uma paz que há muito não conhecia. Levou a criança ao acampamento dos macacos, onde o silêncio caiu ao redor. César o observou com surpresa e desconfiança, perguntando o que faria. Koba, depois de pensar, respondeu que cuidaria da criança como sua.
"Ela será criada como macaco, não como humano."
Os outros hesitaram, mas confiaram em sua decisão. Desde então, o bebê cresceu entre eles, imitando gestos, sons e instintos. Koba o ensinava com paciência e firmeza, moldando-o à nova vida. Aos poucos, o antigo ódio cedeu lugar a um estranho afeto. E Koba, sem perceber, começava a entender que talvez nem todo humano merecesse seu rancor. Seu filho não merecia.