Eu nao disse que eu era uma criança diferente, que sabia coisas que não deveria saber, não disse que eu sofri com palavras na escola, e que quando doía eu descarregava em mim mesma, não disse que até hoje tenho cicatrizes marcadas para sempre em meus braços, que me viciei em agradar, esperar alguém me validar, sendo que sempre fui citada com "problema" nunca como "um humano que precisava de ajuda", aprendi a servir, só calar e ouvir, sempre defendia, mas nunca era defendida... eu evito conflitos com os outros, e vivo um conflito em mim, eu melhorei meu corpo, mas minha alma e coração só vivem doentes, eu nunca disse que os gritos em casa, e palavras duras, eram como vidros perfurando cada vez mais minha pele,que a cobrança me tornou imune a me parabenizar pelo meu esforço, que é muito todos os dias, eu sempre tive problemas com sono, e lembro tudo da minha infância, observei de perto a pessoa que eu amava, quebrar a pessoa que eu mais amo, em minha infância até adolescência, Existiu uma criança que
brincava sozinha, assistia desenho sozinha, falava sozinha, lidava com as inseguranças e medos sozinha, usava a imaginação para não se sentir tão sozinha, mas que agora se acostumou a ser só, por medo de ter alguém, sou cheia de feridas não curadas, mas sempre estou aqui para curar os outros, sou Porto Seguro dos outros, mas nunca tenho um Porto Seguro.
Numa cidade dominada pela máfia, dois homens e um casal se encontram no pior lugar: um roubo de banco, o perigo se mistura ou desejo, e a vida deles nunca será a mesma ...