Minha Doce Obsessão

Jully dança como se cada movimento fosse uma tentativa de escapar do próprio corpo.
No palco, ela é pura luz.
Fora dele, vive em silêncio - um silêncio que poucos entendem... e que um homem aprendeu a decifrar como ninguém.

Theo.

Ele não deveria ter notado cada padrão, cada ritual, cada delicado sistema que Jully usa para se manter em equilíbrio.
Mas notou.
E quando percebeu que conseguia prever seus passos melhor do que ela mesma... algo dentro dele despertou.

Não foi amor.
Foi vício.
Um desejo escuro, meticuloso e calculado - daqueles que se alimentam do que é frágil, do que é raro, do que ninguém mais enxerga.

Jully sente que há algo errado.
Sombras mudam de posição.
Objetos somem e reaparecem.
E a sensação persistente de que alguém respira perto demais, mesmo quando ela está sozinha, começa a rasgar sua paz como vidro quebrado.

Theo jura que está só cuidando dela.
Observando.
Guiando.
Controlando.

Porque Jully é perfeita demais para ser deixada solta num mundo tão cruel.
E ele está disposto a fazer o que for preciso para mantê-la "segura" - mesmo que segurança signifique mantê-la para si.

No fim, Jully terá que enfrentar a pergunta mais perigosa:
como se foge de alguém que acredita que você é a única coisa pura que ele possui?

E pior...
Como se foge de alguém que não pretende deixar você ir?