
Queridos leitores - e curiosos de espírito menos fraco -, permitam-me apresentar-vos o mais inconveniente dos compêndios: o Codex Monstruoso. Uma obra que não pede licença aos deuses nem desculpa aos homens. Aqui, cada criatura é despida das suas mentiras piedosas e revelada na sua nudez mais crua: o monstro que a humanidade inventou, temeu, adorou - e por vezes, criou para justificar os seus próprios pecados. Do Olimpo às florestas celtas, dos desertos árabes às brumas nórdicas, este códice reúne as histórias esquecidas, as versões censuradas e as verdades inconvenientes que o tempo tentou soterrar. Não espere o leitor encontrar heroísmo polido nem lendas envernizadas. Encontrará, sim, a voz de quem ousa perguntar: e se o monstro não for quem pensamos? E se o horror residir, afinal, no olhar que o descreve? Entre páginas que cheiram a pergaminho e segredos antigos, desfilarão divindades caídas, espectros de vingança, demónios de fé e criações humanas alimentadas pelo medo. A Medusa amaldiçoada, o Wendigo devorador de consciências, a Dullahan sem cabeça, o Djinn aprisionado por ambição mortal - todos terão aqui o seu julgamento reaberto. Porque, convenhamos, o monstro raramente nasce do escuro. Na maioria das vezes, é o reflexo mais sincero da luz.All Rights Reserved
1 parte