Depois de ser demitido da farmácia onde trabalhava - injustamente, segundo ele; "por ter pouca paciência com clientes chatos", segundo todos os outros - Morajo acabou indo trabalhar na cafeteria do pai.
Não era seu plano de vida, mas pelo menos tinha ar-condicionado e cheiro de cappuccino o dia inteiro.
Naquela manhã, tudo parecia igual: mesas limpas, música baixa e Morajo atrás do balcão, tentando sobreviver ao livro que Pessy havia recomendado. Era uma história estranha, cheia de nomes que ele não sabia pronunciar. Ele odiou desde a primeira página, mas continuava lendo apenas para provar que "não era fresco com leitura".
Então a porta da cafeteria se abriu, e um cliente entrou.
Morajo fechou o livro com um suspiro aliviado, pegou o caderninho de anotações e caminhou até a mesa com o sorriso automático de funcionário cansado.
- Bom dia! Já sabe o que vai pedir? - perguntou, com uma alegria tão falsa que até a xícara do lado dele deve ter sentido vergonha.
O homem levantou os olhos.
Silêncio.
Depois, com um meio-sorriso sem vergonha nenhuma, respondeu:
- Eu acho que seu número?
Morajo piscou duas vezes, incrédulo.
Virou as costas sem uma palavra e chamou a colega de trabalho:
- Pega aquele cliente pra mim antes que eu enfie ele dentro da máquina de espresso - murmurou.
Decidiu que ficaria no balcão pelo resto do dia, reorganizando os sachês de açúcar como se fosse uma tarefa extremamente importante.
Mas não adiantou muito.
O sujeito continuava olhando para ele.
Sem parar.
Como se Morajo fosse o cardápio inteiro.
E aquilo já estava começando a irritá-lo mais do que o livro ruim da Pessy.
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Aᴠɪsᴏ!! ᴇssᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴄᴏɴᴛᴇ̂ᴍ!
ᴄᴏɴᴛᴇ́ᴜᴅᴏ sᴇxᴜᴀʟ
ᴄɪɢᴀʀʀᴏ?
ᴇɴᴇᴍies ᴛᴏ ʟᴏᴠᴇʀᴇs
𝚌𝚘𝚖𝚎́𝚍𝚒𝚊 𝚛𝚘𝚖𝚊𝚗𝚝𝚒𝚌𝚊
𝚘𝚖𝚎𝚐