Diário de um pm

A trajetória de Philipe de Souza, registrada nos arquivos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, não começa em solo paulista, mas sim nas vielas marcadas por conflitos constantes nas comunidades do Rio de Janeiro. Forçado a deixar sua cidade devido à instabilidade financeira e à insegurança que cercava sua família, Philipe chegou à capital paulista ainda criança, carregando apenas esperança... e algumas feridas que a vida insistiu em deixar.

Aos 6 anos, instalado na casa de parentes, descobriu sua primeira grande paixão institucional: a Força Tática. O motivo? Seu tio - policial experiente, rígido no serviço, mas coração mole dentro de casa - que despertou no garoto aquele brilho diferente no olhar. Daquele dia em diante, Philipe já sabia: "é isso aí que eu quero pra mim", mesmo sem conseguir pronunciar a palavra "guarnição" direito.

Contudo, aos 12 anos, o destino decidiu testar o menino. Sua prima - melhor amiga, confidente, praticamente irmã - foi sequestrada e brutalmente assassinada por criminosos. O caso ficou registrado como "óbito decorrente de ação criminosa", mas para Philipe aquilo virou uma marca eterna. A dor transformou-se em combustível. Justiça, para ele, nunca mais seria só uma palavra nos livros da Academia.

Aos 25 anos, já como Tenente PM, Philipe integra o efetivo do 11º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano, exercendo função de liderança operacional na Força Tática. Reconhecido por seu comprometimento, disciplina e pela ousadia controlada - aquela que faz o Capitão olhar e dizer "esse moleque tem futuro" - ele assume a responsabilidade de coordenar ações de alto risco no combate ao crime urbano.

E assim se molda a história do Tenente Philipe: um policial formado entre protocolos rígidos e cicatrizes profundas, movido por fé, honra e pela determinação inquebrável de jamais permitir que outras famílias sintam a dor que a dele sentiu. Um guerreiro urbano, forjado no caos.