PRÓLOGO
A guerra entre Elfos e Humanos já durava tempo demais. As chamas consumiam fronteiras, cidades caíam como folhas mortas e o sangue escorria por vales que antes guardavam flores. O mundo ruía em silêncio - e, ainda assim, nenhum som era tão perturbador quanto o que pulsava dentro dele.
Virion.
General das Sombras.
Bastardo do caos.
O elfo cuja existência era proibida até mesmo entre os seus.
Ele atravessou as muralhas humanas como sussurro. Como pecado. Como a promessa de destruição inevitável. Mas nem os deuses que haviam virado o rosto para aquela guerra poderiam prever o que aconteceria quando ele a viu.
Sophie.
A Duquesa prisioneira de um casamento arranjado, envolta em ouro e obrigações, mas com olhos que contradiziam toda a sua vida: olhos que brilhavam como se guardassem um incêndio esperando para ser libertado.
Quando ela cruzou o salão naquela noite, envolta em seda pálida e cansaço, Virion não viu uma humana.
Não viu uma nobre.
Não viu uma inimiga.
Ele viu a resposta para uma fome antiga que jamais soube nomear.
E naquele instante - sim, naquele exato instante - a guerra inteira deixou de importar. As alianças, as fronteiras, os tratados, os juramentos feitos em sangue... tudo se tornou poeira insuficiente diante da verdade que tomou seu peito como um veneno doce:
Ele a queria.
E não como um homem deseja uma mulher.
Mas como uma sombra deseja a chama que pode destruí-la.
Como um vilão deseja aquilo que jamais deveria tocar.
Virion soube, sem qualquer hesitação, que queimaria o mundo humano e profanaria o elfo se fosse necessário. Que deixaria reinos em ruínas, que faria o céu tremer - apenas para vê-la olhar para ele mais uma vez.
Porque, no coração da guerra, enquanto homens lutavam por honra e elfos por vingança...
Virion lutaria por Sophie.
E isso tornava tudo muito, muito mais perigoso.