Nosso último sorriso

O GP do Catar ficaria marcado na memória de todos - para alguns, como a corrida que consolidou uma liderança no campeonato; para outros, apenas mais uma etapa calorenta no deserto.

Mas para Stroll e Fernando, aquela noite seria o início de vidas completamente novas - e, pela primeira vez em muito tempo, vidas que não caminhavam lado a lado.

A bomba estourou cedo demais.
A notícia da gravidez de Fernando com Melissa vazara, e o espanhol, com aquele sorriso largo que raramente mostrava publicamente, parecia irradiar alegria por cada metro do paddock. A mídia, os mecânicos, até os rivais... todos comentavam. Fernando parecia flutuar.

Já Lance, em contraste absoluto, recebeu a notícia escondido atrás dos boxes, pelas mãos de seu preparador e melhor amigo - uma mensagem rápida, quase sussurrada, mas que caiu como chumbo no fundo de seu estômago.

Um golpe duro.
Cruel.

Porque na noite anterior, ele havia adormecido e despertado ao lado do mesmo homem que agora estampava felicidade por algo que nunca lhe contara.
O mesmo homem que algumas horas antes, com a voz rouca da manhã e os olhos ainda semicerrados, lhe fizera juras de amor como se o mundo fosse só deles.

Lance sentiu o coração partir em um silêncio que só ele ouviu - um silêncio tão devastador quanto o rugido de um motor no fim de uma corrida perdida.