Iruka caminha sobre uma corda bamba entre o passado e o presente, tentando construir um futuro onde Kakashi não seja o centro gravitacional de sua existência.
Desde o acidente que os separou - ou, pelo menos, apagou de Kakashi qualquer vestígio do que um dia compartilharam - Iruka tenta redefinir o significado de amor e perda. Ele faz uma lista de defeitos, um exercício que beira o ridículo, mas que lhe parece necessário. Não é que queira reduzir Kakashi às suas falhas, mas precisa de algo para contrabalançar o peso esmagador das memórias.
No entanto, cada encontro casual desfaz qualquer lógica que ele tenta impor a si mesmo. O olhar de Kakashi, carregado de uma familiaridade que não deveria existir; os pequenos gestos que quase os aproximam, como se seus corpos se lembrassem de algo que a mente esqueceu - tudo isso torna inútil qualquer esforço de desapego. São nesses momentos que Iruka percebe o quão preso está, orbitando um desejo que nunca se apaga: a esperança de que algum dia, mesmo que por um breve momento, Kakashi se lembre de tudo - e o escolha novamente.