A CHAMA E A MARÉ- PARTE 01

O Pacto Ancestral
Em tempos imemoriais, quando Aetheria era jovem, a paz era mantida por um juramento frágil, conhecido apenas pelos seus reis.

O Reino de Emberlin (a Chama) e o Reino de Aqualys (a Maré) eram entidades opostas, separadas por uma vasta e desolada Barreira de Cinzas. A Barreira não era apenas uma linha física; era uma maldição, um dogma gravado na magia e no sangue: o Pacto Ancestral.

O Pacto era simples e absoluto: Fogo e Água jamais poderiam se tocar.

Não por ódio, mas por uma certeza aterrorizante: a fusão das forças opostas resultaria na Aniquilação. O toque de uma Fada do Fogo e de uma Fada da Água não geraria vapor, mas um vazio destrutivo-o temido Elemento Cinza, o poder de destruir a própria tecelagem da realidade.

Séculos se passaram. O ódio se tornou lei, a lei se tornou fé. Os herdeiros de cada corte nasciam com a crença de que o contato era a morte.

Em Aqualys, o Príncipe Lysander, herdeiro da Maré, cresceu envolto na frieza calculista da água, temendo o calor que poderia fervê-lo até o nada. Em Emberlin, a Princesa Elara, herdeira da Chama, vivia sob a disciplina do fogo, ensinada a queimar qualquer toque da água que pudesse extingui-la.

Mas o destino, astuto e inquebrável, sussurrava além da lei. O poder da separação era forte, mas o poder da Profecia era inevitável.

No dia em que o desejo de dois jovens, criados na mentira e na separação, se tornasse mais forte que o medo ancestral, o futuro de Aetheria seria selado. A aniquilação seria certa.

Ou, talvez, a salvação.

Pois na escuridão da proibição, havia quem acreditasse que o Fogo e a Água não se anularia, mas criaria a força mais pura de todas: o Elemento Vapor.
E esse dia está prestes a chegar.
A Barreira de Cinzas está enfraquecendo, e a mão de um Príncipe está prestes a alcançar o braço de uma Princesa.
Que o toque não seja a morte, mas a vida.