Constelação de Oblívio não surge das fendas onde a luz retorna, mas das cicatrizes onde ela morreu. Cada texto é uma estrela implodida, ainda quente o suficiente para queimar quem se aproxima, lembrando que até o espaço mais vasto pode permanecer eternamente mudo. Aqui, as relações não são reconstruções frágeis - são ruínas que continuam caindo. O amor não reaprende - afunda. O orgulho não cede - estrangula. A saudade não guia - morde até o osso.
São histórias de quem, depois do incêndio, não encontra nada além de pó. Personagens que tropeçam nos próprios escombros e descobrem que força nenhuma nasce dali. Há álcool o suficiente para afogar memórias, não para apagá-las. Há corpos que se tocam para esquecer, não para sentir. A solidão não acolhe - engole inteiro, sem pressa.
Os fragmentos caminham entre a teimosia de insistir no que já morreu e o medo de olhar para o abismo, porque sabem que vão despencar. São capítulos sobre mensagens nunca enviadas, largadas na madrugada, sobre promessas quebradas que reverberam como feridas abertas, sobre erros que não ensinam - apenas repetem a própria dor. Há culpa que apodrece, desejo que se esconde, fuga que nunca chega a lugar nenhum.
Nesta constelação, o oblívio não liberta - consome. É o ponto exato onde lembrar rasga e deixar ir destrói. Aqui, ninguém se torna supernova, todos puxam para dentro o que resta de si e apagando qualquer chance de luz. Aqui, ninguém se transforma supernova - todos se tornam buracos negros.