Sitio do pica pau amarelo (uma releitura atual da obra)

Em uma Belém contemporânea, quente e desigual, Pedro Ferdinando tenta equilibrar o peso da vida adulta antes do tempo. Aos dezoito anos, divide os dias entre entregas de bicicleta, o sonho recém-conquistado de cursar Engenharia Civil e a responsabilidade de ajudar os pais, professores engajados em uma ONG cultural que transforma arte em resistência. Antigo sonhador, Pedro já não acredita na magia como antes, embora ainda carregue consigo livros de Monteiro Lobato e memórias afetivas do Sítio do Picapau Amarelo, ouvidas na infância pelas histórias de sua avó.

A visita inesperada da prima Elisângela, a Narizinho, traz à tona tensões familiares, lembranças de um passado mais leve e a notícia preocupante sobre a saúde da avó, figura central de sua infância e elo direto com o "sítio" que ficou para trás. Entre diálogos duros, ressentimentos e silêncios, Pedro revela o conflito que o define: crescer significou abandonar a fantasia para sobreviver, mesmo que isso custe afetos, memórias e parte de si.

Nesta releitura moderna de Sítio do Picapau Amarelo, o sítio não é apenas um lugar físico, mas um território da memória, onde a magia resiste no afeto, nas histórias contadas e na infância que insiste em não morrer. A narrativa revisita personagens clássicos sob novas camadas sociais e emocionais, explorando o choque entre imaginação e realidade, sonho e sobrevivência, em um Brasil atual marcado por urgências, desigualdades e escolhas difíceis.