O Homem que apagava estrelas

A noite as estrelas bailam livres pelo céu, algumas até com certo temor do amanhecer, mas isso não ofusca seu brilho, uma estrela em especial brilha mais do que as outras, não consigo expressar tanta jovialidade e magnitude contidas em seu ser. Não posso me aproximar dela, sou como o Sol, e devo todas as manhãs apaga-las. Não porque eu queira e sim porque fui criado para tal feito. Mas anoite todas são livres, posso contempla-la o quanto quiser. Pergunto-me, porque não as deixo brilhar? Todas devem ter espaço neste céu, se não fosse pelo Sol as noites seriam infinitas e as estrelas brilhariam para sempre.
Minha estrela, em situações diferentes poderíamos ter dançado a valsa celestial pela aurora dos tempos, serias só minha, seu brilho perpetuaria pela eternidade. Devo cumprir apenas meu trágico destino, não sei quanto tempo suportarei mais fazer isto, a cada estrela que apago sinto o céu mais vazio, sei que outras estrelas virão, mas sempre continuarei as apaga-las. Existem vários outros assim como eu, mas que pensam de maneira diferente. Eles dizem que não devo me sentir culpado, que não devo sentir remorso, que não devo sentir, não fui criado para ter sentimentos por estrelas, pois o Sol deve sempre reinar soberano sobres todos os astros do universo. Sinto uma pequena centelha de vida saindo de cada estrela, é algo belo, algo que eles não compreendem. Agora a estrela mais bonita da noite parece chorar, pois sabes de seu destino final, ela pode ver centenas de outras estrelas se apagarem a cada amanhecer, lamento incessantemente ser seu algoz, o Sol que irá extinguir sua ultima fagulha de vida, preparo-me, pois já está amanhecendo, e a cada segundo que antecipa o amanhecer mais aumente minha lastima, lembrar-me-ei deste dia por resto de minha vida, nunca mais irei me perdoar por ter apagado a estrela mais linda que já brilhou neste céu noturno de verão.