A parede estava coberta de pôsteres e fotos de mangá. No meio de todos eles, um maciço de gravuras de um rapaz de cabelos prateados e rosto mascarado formava um verdadeiro mural de fotos com o jovem nas mais variadas poses. A estante, abarrotada de volumes de Naruto, Inuyasha, Evangelion e alguns outros, mal acomodava um pequeno jarro de flores com uma orquídea murcha. A cortina serpenteava suavemente com a brisa que entrava pela janela semi-aberta. A claridade dissipava as últimas sombras noturnas, anunciando o dia que acabava de nascer. Um tilintar fez-se ouvir da porta do quarto e, segundos depois, algo pesado se atirou sobre suas costas e duas patinhas massagearam sua espinha dorsal antes de rodarem, se acomodando em um pacotinho de pêlos. – Shippo, seu gato gordo, é assim que você vem me acordar? – ralhou uma voz sonolenta abafada pelo travesseiro – Sai daí, vai... – ela se mexeu um pouco, mas o gato cravou suas garrinhas no cobertor. Sacudiu os braços na tentativa de tocá-lo dali, mas ele estava fora de seu alcance – Já que você não sai por bem, aí vai meu último recurso – ergueu-se bruscamente e o bichano soltou um chiado e saiu correndo pela porta, o tilintar do guizo em seu pescoço ecoando da cozinha. Sentou-se esfregando os olhos e checou a hora. Não conseguiu conter um bocejo, espreguiçou-se e, só para confirmar, olhou o relógio mais uma vez.