Não eram só os olhos que o impediam de ver, mas a cegueira de não querer enxergar. A realidade o açoitava a alma e ignorá-la o apaziguava a vida. Passou a cultivar o que o aprazia e descartar tudo o que amordaçava a voz da alma. Esquivar-se das dores tornou-se hábito.
Mas acontece que certas feridas não podem ser sepultadas tão facilmente.
Exigem tempo, muitos cuidados, apóio, paciência, amor e precisão cirúrgica para serem, finalmente, curadas.
Ela era uma adolescente com sonhos, traumas, problemas e desejos.
Ele era um fugitivo da realidade.