Estavam todos a minha volta. Meus melhores amigos. Janne e Liam. Meus outros amigos também. Meus parentes. Colegas do Trabalho. Alguns vizinhos. E amigos de meus pais. Pedi uma festa pequena mais não fui atendida. A casa estava lotada e todos cantavam parabéns para mim. Percorri os olhos pelo quintal encarando todos a minha volta e não consegui conter o impulso de procura-lo. Era sempre assim. Em todos os lugares eu o procurava. E esse impulso sempre era maior em meus aniversários. A esperança de vê-lo em uma de minhas festas era grande e eu sempre sou tomada por uma ansiedade gigante. Talvez ele se arrependesse. Ele podia não podia? E.. Ele me ama? Não ama? Ele deve ter me amado um dia. Ele amou. Amou? Todo mundo tem direito a uma segunda chance. Então porque seria diferente com ele? Andei pensando e... Será que ele não tentou me achar? Pode ter acontecido já. Não pode? Nós mudamos de endereço duas vezes, isso pode ter atrapalhado ele. Ou... Ele nunca quis voltar ? Eu prefiro pensar que ele quis. Será que ele já me mandou uma carta? Ou pelo menos pensou em escrever uma? Eu já escrevi cartas para ele. Algumas estão guardadas dentro do meu closet. Outras eu joguei fora em momentos em que a saudade, a dor e a raiva era muita. A canção estava acabando e mamãe tocou meu ombro. - Faça um pedido filha. - disse me sorrindo. Todos sorriam. Menos eu. Eu não aguento mãe. Não aguento mais. Meus olhos arderam. A visão ficou embaçada. Virei para o lado para procurar minha mãe e a expressão dela mudou para pura confusão. Não era para menos. Era para eu estar sorrindo não chorando. Comecei a chorar e todos ficaram quietos. Confusos. Todos devem esta se perguntando o que houve comigo. Eu estava bem até hoje. Até agora. As velas acesas na minha frente. Se eu fazer um pedido, ele vai se realizar? Se eu pedir para ele voltar ele volta? 14 anos era muito tempo. Muito tempo para um pai ficar longe de uma filha.