Tornaram-se um casal liberal progressivamente. Fábio disse: - Descobri que a minha namorada tem o nome do ex tatuado na nádega direita. Nem me perguntem como eu descobri. Eu não entendo essa gente que faz isso. Tanto lugar para fazer tatuagem e tanta coisa para tatuar... Acho que não se deve tatuar nome de marido nem de namorado nem nada, só dos filhos e dos pais. Fiquei irritado, assim como aborrecido. Ela recusou-se a apagar ou a fazer outra por cima. Disse-me que era doloroso e que não é daquelas pessoas que se envergonham de seu passado. "Foi bom enquanto durou", disse ela. Estamos namorando há apenas cinco meses. Eu não sei o que fazer, não dá para pedir para ela tirar a bunda fora, até porque eu gosto muito da bunda dela. Mas qual providência eu deveria tomar neste caso? Sem piadas, por favor. Mônica franziu o cenho, Bruno corou. Ambos não disseram nada a respeito, ficaram com os seus olhos fixos no piso da sorveteria. Se começou, teria de terminar. Então Fábio prosseguiu, temeroso de que a conversa tomasse outro rumo: - Quando as coisas, enfim, esquentam entre nós, deparo-me com a nádega profanada, e avisto nela a marca de seu verdadeiro dono. De repente, somos quatro na cama, e não mais dois: eu, Elizabeth, seu ex-namorado e o tatuador. "Quem fez a tatuagem?", perguntei. "Max", disse ela. "Oh, meu Deus! o Max colocou as mãos aí?"; "O que tem de mais?", perguntou-me, "já fizeram coisas 'bem piores' com ela!"; "Poupe-me desses seus detalhes sórdidos!", exclamei batendo a porta e saindo às ruas. - Eu acho que você não passa de um machista - disse Mônica depois de um tempo. - Machista? - interrogou Bruno, voltando-se para ela. Tentou articular as palavras, mas um riso involuntário o impediu de prosseguir. Apercebendo-se de que ria quando não deveria rir, permitiu-se dominar por uma gargalhada extravagante. Tremia. - Desculpe! - disse, abaixando a cabeça e secando os olhos carregados de lágrimas.All Rights Reserved
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