Nunca gostei de curiosos. Gente assim como você, que acaba de abrir um livro e está disposto a pôr seu nariz exatamente sobre tudo.
Preferível seria se agora mesmo você se retirasse e voltasse aos seus afazeres - ou seja lá o que for (garanto que não me importo) -, e deixasse esse livro para lá.
Curiosos não conhecem limites, falo por experiência própria, a começar por mim.
A curiosidade nos tem levado a lugares dos quais nem sempre podemos sair, nos enredado em teias, redes, tramas que nos aprisionam por anos - dezenas deles -, que nos fazem devotar mais tempo às causas que aos efeitos.
E se não souber sobre o que estou falando, ah, você não é exatamente o leitor que eu esperava, porque a escrita é isso. Deve existir alguém que diga que a escrita é libertadora, necessária e que nela reside um grande número de soluções; pois eu digo que estão mentindo. A escrita é a paga por eu ser enxerida demais. Me tornei uma contadora de histórias.
Ah, você acha isso engraçado? Ou mesmo curioso? Pois posso lhe garantir que mesmo muito curioso, você aí do outro lado, com certeza, nem sempre presta atenção aos detalhes. Milhares deles escapam ao seu faro mexeriqueiro nesse momento, e histórias fantásticas ou assustadoras estão acontecendo nesse exato momento bem debaixo do seu nariz.
E se você não acredita, quem sou eu para lhe provar algo? Mas saiba, há camadas entre a realidade que deixariam qualquer bom curioso de boca aberta. E numa dessas camadas, numa dessas dobras, há uma história... Uma estranha e que começa com uma criança:
Nairobe.