🏆 OBRA VENCEDORA DO WATTS2019 - CATEGORIA FICÇÃO HISTÓRICA 🏆(Em andamento) Hatuey tinha somente oito anos quando viu um deles pela primeira vez. A criatura estava morta e desfigurada. Seu corpo fora trazido pelas águas do mar e encontrado na praia de Quisqueya, território do povo Taíno, o clã do menino. Diziam que Hatuey era a criança da profecia. Fora por causa das insistentes visões e sonhos do Bohique, o xamã, que ele teve de ser iniciado com idade tão tenra, outros só o seriam depois de terem completado dez anos, ou mais. Mas foi quando Hatuey visualizou os olhos estatelados e sem vida do corpo na praia, que imagens ligadas à criatura, lhe vieram como em raios e trovões de tempestade: a visão de um futuro sombrio, cenas recortadas, embaçadas como neblina, rápidas. Elas diziam de traição, escravidão, doenças, perseguições e mortes. Muitas e terríveis mortes. Eles, os outros, só começariam a chegar, pelas águas do mar, dali a dois anos. Mas o que ninguém poderia imaginar era que os horríveis prognósticos, as aterradoras visões e profecias, tão incessantemente repetidas pelos xamãs, eram só um vislumbre do que estava por vir, com a chegada das criaturas que traziam em si o mal.
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