O circo chegou e quando Emma - cansada da monotonia da cidade pequena - briga com seus pais, decide fugir e passar uma noite lá dentro. Porém, nada é como o esperado, e ela se vê em um labirinto de novas emoções.
"Andando sem rumo certo, Emma virou à esquerda, entrando em uma passagem estreita. Sentiu uma diferença ali, quase como no ar. Sim, definitivamente, a temperatura havia abaixado. Sentiu os pelos da nuca se levantarem, em um arrepio súbito. Conforme ela seguia, tudo foi escurecendo, como o crepúsculo no fim da tarde.
Ela nunca sentiu tanto medo; o impulso era de se virar e sair correndo para o lugar mais longe possível. Porém, algo a estava impedindo; alguma força sobrenatural. Ela se sentiu invadida, a sensação era horrível: como se colocassem pensamentos em seu próprio cérebro.
Pé ante pé, parecia um caminho para a morte, tamanho era o medo. Podia sentir o suor escorrendo, mesmo naquele frio. Sua desolação era tangível, o pavor escorria pelos dedos como água. Estava em estado de torpor, tudo era percebido ao longe. Sabia que as mãos tremiam, mas a informação lhe era enviada tardiamente.
E então, algo mudou. As sebes se encolheram ao redor dela, aprisionando-a. Ao olhar para frente, Emma viu. A moldura de madeira era rústica, algo que parecia milenar. Havia uma mesinha de mogno, também transportada do século XX. Mas isso era o de menos.
Seus olhos se prenderam no que percebeu ser o objeto que instigava seu pavor. Aquilo parecia vivo, como se tivesse uma alma e sentimentos. Não pôde admirar o espelho por muito tempo, pois, do nada, foi sugada por uma imagem."