INK. - Newtmas

Gosto de fazer do meu corpo um caderno. Gosto de fazer da minha pele uma tela, onde eu pinto, desenho, escrevo e descarrego o que eu quiser. Gosto de terminar e ficar olhando, lendo aquilo e me sentindo satisfeito por ter gravado em mim.
É como se fosse o mar para as pessoas que acreditam que ele leva seus problemas, dores, emoções e tristezas embora.
O meu mar é a caneta. A praia é o meu braço, pernas e mãos. E meus sentimentos, problemas, dores e tristezas são tudo aquilo que eu escrevo, desenho ou rabisco.
Desenhar no meu braço é como ver a onda ir e sentir sua dor indo junto.
Desenhar no meu braço é como ver o sangue escorrer para alguém que se corta.
Ver a tinta se misturar com a minha pele é como ver meus problemas serem devidamente absorvidos.
E até já me disseram que tinta faz mal pra pele. Só que tem tanta coisa que me faz mal e ninguém me manda parar de usar, ter, conviver ou cultivar, que eu acho que a tinta é a mais inofensiva delas.